segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

DISLEXIA. AFINAL, QUE BICHO É ESSE?




Antes de brigar com o seu filho por causa do baixo rendimento escolar, veja se o problema não se deve à dislexia, um distúrbio que atinge de 10 a 15% da população mundial.

Então, vamos conhecê-la melhor?

Se você convive com um menino ou uma menina com dificuldades na hora de escrever, aprender ou soletrar palavras, é possível que esse seja um caso de dislexia, um transtorno de aprendizagem que afeta entre 10 e 15 por cento da população mundial e que não tem nada a ver com alfabetização deficiente, preguiça, desatenção ou baixa inteligência. Também não há qualquer relação com a condição sócioeconômica da família e é provável que você encontre pouca ajuda na escola para identificar o problema precocemente, devido ao despreparo dos professores em relação ao distúrbio.

Ainda não se descobriu a causa exata da dislexia, mais frequente entre meninos, mas as pesquisas mostram que existe um componente hereditário: pais disléxicos têm probabilidade maior de ter filhos disléxicos. Os estudos apontam alterações no padrão neurológico do cérebro, que dificultam o processo de análise das palavras e leitura. Entretanto, sabe-se também que estão na lista dos disléxicos famosos como o pintor Leonardo Da Vinci, o médico Pasteur, o físico Einstein, o criador da Microsoft Bill Gates e os atores Anthony Hopkins e Tom Cruise, o que não os impediu de mostrar todo seu talento ao mundo. O transtorno não tem cura, mas pode ser tratado.

Pais devem ficar atentos
A dislexia afeta o aprendizado de uma forma geral. Na pré-escola, a criança disléxica
pode mostrar dispersão, fraco desenvolvimento da atenção, problemas para aprender rimas e canções, brincar com quebra-cabeças, além do fraco desenvolvimento da coordenação motora e falta de interesse por livros.
Mas é na idade escolar que os problemas da dislexia começam a aparecer mais, a partir da alfabetização, devido às dificuldades na escrita e com os números. Embora na maioria dos casos a criança fale normalmente e tenha até bom desempenho nos testes orais, não consegue expressar seu pensamento de forma compreensível em uma redação. Pode apresentar vocabulário pobre e fazer sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas, além de ordenar as palavras e pontuar o texto de forma estranha. É comum ainda que troque letras na escrita(disortografia) ou escreva de forma ilegível(disgrafia). Como a maioria dos professores não está preparada para lidar com a dislexia, apesar de ser uma das principais causas de baixo rendimento escolar, a criança pode apresentar problemas de conduta. A frustração com as dificuldades pode levá-la à depressão e timidez excessiva. Os coleguinhas podem torná-la o “palhaço” da turma.

Cabe aos pais ficar atentos e procurar ajuda profissional para que a criança não fique complexada ou seja alvo de gozações injustas. Se a criança não receber ajuda
adequada enquanto está se desenvolvendo, os sintomas persistirão até a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais, que podem comprometer sua vida social e até sua colocação profissional no futuro. É comum que crianças disléxicas que não receberam tratamento se tornem adultos com persistente dificuldade na leitura e escrita, memória imediata prejudicada e problemas na aprendizagem de uma segunda língua e de organização.


Médicos precisam avaliar a criança
Se você desconfia de que seu filho tem dislexia, leve-o ao pediatra, que fará a primeira avaliação e vai encaminhá-lo a uma equipe multidisciplinar, se achar necessário. Devido aos múltiplos fatores que o transtorno envolve, seu diagnóstico deve ser feito por um grupo formado por psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos clínicos, que iniciarão uma investigação minuciosa. Além de avaliar o parecer escolar, o relato dos pais, o histórico familiar e de evolução da criança, essa equipe multidisciplinar deve recorrer a especialistas, como o neurologista e o oftalmologista, para descartar outros possíveis distúrbios. É a chamada avaliação
multidisciplinar e de exclusão. De qualquer forma, se a criança ainda não foi alfabetizada, lembre-se que o diagnóstico pode ser no máximo de uma “criança de risco”.

Entre as possibilidades a serem descartadas estão o déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas) e desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar.

Cada caso tem um tratamento
Não existe solução definitiva para a dislexia. Todavia, quanto mais cedo o transtorno for identificado e houver ajuda especializada, mais fácil será para criança aprender a lidar com suas dificuldades. O foco do tratamento é estimular a autoconfiança da criança, ressaltando os seus acertos e valorizando os esforços. Pais e professores devem monitorar suas atividades e não insistir para que leia em voz alta. Também é preciso alterar a forma de avaliar esses alunos. A máxima a ser seguida é: “se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende”. O acompanhamento deve ser definido de acordo com as particularidades do caso, o que permite maior eficácia e aproveitamento. O entrosamento do profissional indicado com a criança disléxica é essencial para que os resultados apareçam de forma consistente e progressiva. Ao contrário do que muitos pensam, se o disléxico não for traumatizado por suas dificuldades, sempre encontra seu caminho, sua própria lógica.

Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. É importante definir um programa em etapas, que prevê a evolução fase a fase, a partir da confirmação do conteúdo de cada uma, com recapitulações freqüentes. Esse sistema é chamado de multissensorial e cumulativo e consiste no tratamento da fonética por meio de várias indicações, em geral separadamente, e, quando possível, dentro de um programa de leitura. A instrução indireta também é útil. Ela consiste no treinamento para melhorar a pronúncia das palavras e a compreensão da leitura. As crianças são ensinadas como processar os sons, pela combinação de sons para formar palavras, da separação das palavras em segmentos e pela identificação das posições dos sons nas palavras.

Sinais de alerta:
Para ajudar no diagnóstico precoce da dislexia, em especial se há casos na família, é importante observar se o seu filho tem algumas das dificuldades mencionadas abaixo. Se a resposta for positiva, procure o pediatra.

Sinais que sempre estarão presentes em casos de dislexia:
* Dificuldades com a linguagem e escrita, e lentidão na aprendizagem da leitura.

Sinais que estarão presentes muitas vezes em casos de dislexia:
* Disgrafia (letra feia) e discalculia (problemas com a matemática, principalmente em aprender os símbolos e em decorar a tabuada).
* Dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização.
* Dificuldades para seguir indicações e de executar seqüência de tarefas complexas.
* Dificuldades para compreender textos escritos e de aprender uma segunda língua.

Sinais que estarão presentes às vezes em casos de dislexia:
* Dificuldades com a linguagem falada e com a percepção espacial, e confusão entre direita e esquerda.
* Dificuldade de nomear objetos e pessoas (disnomias), troca de letras na escrita e substituição de palavras por outras de estrutura similar (ex.: salvou por saltou).



Atitudes para ajudar a criança disléxica:
Se o seu filho não está indo bem na escola, você já procurou ajuda e descobriu que ele tem dislexia, está na hora de unir esforços para garantir seu bom desenvolvimento. Lembre-se: a criança disléxica não é menos inteligente, apenas precisa descobrir novos caminhos para aprender. Confira dicas que vão fazer diferença neste relacionamento.

Dê mais atenção – Descubra tudo o que puder sobre o desempenho do seu filho e procure um profissional para ajudá-lo. Os pais devem participar juntos desta tarefa.
Tenha paciência – Não fique nervoso se ele demorar muito para fazer algo. Procure ensiná-lo a realizar tarefas sozinho e espere o tempo necessário. Progressos exigem determinação e esforço.

Incentive o estudo – Não deixe seu filho desistir. Ele pode ficar cansado do esforço escolar, frustrado com os trabalhos e mostrar sinais de estresse. Deixe que faça uma pausa, escute suas queixas, nunca o compare com outra criança e mostre confiança nele, mas não seja superprotetor. Elogie as conquistas – Devido à falta de informação dos professores, a auto-estima do disléxico costuma ser muito atacada na escola. Não perca a oportunidade de elogiar qualquer conquista. Participe das atividades – Leia para o seu filho. Digite suas anotações escolares, dê dicas e aponte atalhos, jeitos de fazer associações que o ajudem a se lembrar da matéria. Assista a televisão junto e converse sobre o que viram. Incentive atividades ao ar livre.

Toda ajuda é bem-vinda – Colegas de classe que gostem de ajudar podem funcionar como tutores para a criança disléxica, reforçando as explicações e emprestando suas anotações.

Recorra à tecnologia – Converse com os professores para que permitam que seu filho registre a parte oral das aulas com a ajuda de gravadores. Peça que a parte escrita no quadro seja gravada em disquetes ou pen-drives para que ele possa rever em casa. Há ainda cd -rom s com a leitura de livros e outros com exercícios específicos para os disléxicos, que ajudam no seu desenvolvimento. Onde encontrar ajuda


É importante diagnosticar e tratar a dislexia o mais cedo possível.
Com acompanhamento de profissionais especializados, a probabilidade de a criança sucumbir ao insucesso escolar será bem menor. Além das indicações do pediatra da criança, os pais podem procurar ajuda junto a entidades sérias que se dedicam ao estudo e tratamento do transtorno, como a Associação Brasileira de Dislexia (www.dislexia.org.br).

(Extraido de www.proteste.com.br)

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